sábado, 26 de dezembro de 2015

Auto de Natal na Barra do Jucu

O Auto dos Reis à procura do Rei foi realizado na Barra do Jucu dia 23 e promovido pela comunidade participante do Teatro da Barra/ES, do Coral Canta Barra, da Folias de Reis, da Banda de Congo Tambor Jacaranema. Foi lindo!

Início do Auto de Natal com o Papai Noel, interpretado por Paulo DePaula

Cortejo com Folias de Reis parou para ouvir a mensagem do Anjo

Cena dos Reis Magos

Cena do Presépio às portas da Igreja Católica Nossa Senhora da Glória

O Coral Canta Barra apresentou várias músicas natalinas

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Monólogos em festival

Por Paulo Spurgeon DePaula

Para o deleite dos amantes do teatro e como fonte intensa de aprendizado teatral, Vitória foi palco do II Festival Latino Americano de Teatro de 17 a 22 de novembro de 2015. Quando digo “fonte intensa de aprendizado teatral”, não me refiro apenas às palestras e oficina oferecidas durante o Festival, mas à própria vivência do que é um monólogo, com interpretações magistrais de atores que, em alguns casos se expressavam em espanhol, mas que com sua interpretação vocal, corporal e comunicação, se faziam entender perfeitamente, mesmo àqueles que têm dificuldade de compreender o espanhol.

Quem assistiu “La Mujer Del Don”, com Carmen Briana, do Paraguai, por exemplo, desde o início se deslumbrou com a atriz que iniciava seu monólogo fazendo um diálogo entre uma menina de oito anos e sua avó. Já nesse primeiro solilóquio ficamos sabendo que o “Don” não é um senhor, mas um DOM, o dom da mediunidade, da vidência, que lhe foi segredado pela avó. E a atriz cresce – dos 8 anos aos 18, aos 30, aos 40 e até chegar à idade da avó, com quem iniciara a história. Por seu dom, vem a ser uma bem sucedida mulher que, através de sua capacidade de “ver além”, se torna extremamente procurada, convidada até mesmo para dar suas previsões em programas de televisão, enfim uma mulher que vivia na crista da onda. E, a cada passo, a cada idade ou ciclo de vida, Carmen Briana é a mulher que representa: coquete e flerteira, aos 18, socialite e “bon vivant” aos 30, já aos 40 séria e indagadora sobre sua real condição, como vidente, e posição como ser humano, como alguém que não quer, mas tem de querer seguir um destino que lhe foi imposto, assim seguindo até o fim, quando segreda o segredo que lhe foi revelado por sua avó quando ela tinha 8 anos.

Em sua palestra sobre o Processo Criativo do Monólogo, no encerramento da programação do Festival, Renato Di Renzo, o mestre do teatro brasileiro de quem temos notícias desde o tempo do importante movimento do Teatro Oficina, fundado em São Paulo, em 1958, falou sobre experiências cênicas internacionais e sobre o manifesto da cultura brasileira, o Tropicalismo, que influenciou todas as artes do Brasil.

Ao falar de sua experiência e de tantos grandes nomes do teatro brasileiro com quem trabalhou, como o próprio José Celso Martinez, o qual continua na direção do Oficina,voltou-se à importância do monólogo como uma excelente e imprescindível arma para o desenvolvimento do trabalho do ator. Os que assistiram aos Monólogos, sem dúvida, prontamente compreenderam o que o Mestre dizia: o monólogo sintetiza toda a gama de expressão do ator – seus tons de voz, suas caracterizações de vários personagens ao retratá-los sob o prisma do ator, que necessita também de excelente dedicação ao preparar suas expressões faciais, seu gestual, sua postura e suas variadas entonações vocais. Sua palestra e a experiência passada ao público foram bastante elucidativas, especialmente àqueles que acabaram de ter a experiência – rara – de frequentar um Festival de Monólogos.

A palestra de Renato Di Renzo aconteceu em um novo espaço teatral, inaugurado durante o II FLAM, o Teatro Du Beco, em Jucutuquara, antigo bairro residencial de Vitória, justamente com um monólogo adaptado por ele de um original de Dario Fo e Franca Rame que, com o título de A Casa Amarela, foi também dirigido por Di Renzo e interpretado pela atriz capixaba Verônica Gomes.

Não pararei por aqui. Tenho mais a dizer sobre este importante acontecimento teatral no final de 2015 em Vitória. Já a seguir, continuarei falando sobre o II FLAM, com o título Monólogos em Festival II. 

Com atriz de La Mujer del Don
                     

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Festival de monólogos II


Por Paulo Spurgeon DePaula

Bem voltemos ao beco, o que dá nome ao Teatro do Beco. Na conhecida artéria jucutuquarense, na Avenida Paulino Müller, 222, há um bequinho – e o chamo assim, não por sua extensão, mas por ser bastante estreito. No percurso à semiluz e, no meio do caminho, eis um mendigo. Ou será um demente fugindo de si mesmo?

A magistral interpretação do ator Theo Simon fez-nos vivenciar o que nossos "hermanos" argentinos denominam “Negros de Mierda” – como o título da peça de Luciano Garbuio – e esse Negro, não representa a cor da pele, mas se refere apenas a um “morador de rua”.

Passado esse encontro segue-se o beco até uma escada que conduz o espectador à sala de visitas de A Casa Amarela, título dado por Di Renzo à sua adaptação de Mulher Sozinha, de Dario Fo. Valkíria, proprietária da Casa Amarela, sofre de vários devaneios, mas, essencialmente respira sua opressão. Incrível, mas absolutamente crível, foi a transformação da atriz Verônica Gomes, num piscar de olhos, de uma típica “dona de casa”, para uma “danseuse” do Moulin Rouge, com suas meias negras, trajes e trejeitos insinuantes. Vimos então Valquíria, a multifacetada e falsamente subserviente esposa, que dos risos às gargalhadas, passava por expressões odiosas, ameaçadoras. Uma mulher capaz de destruir relações à bala.

Esta função foi a única das apresentações que não aconteceu no Sesc Gloria. Todas as outras foram apresentadas lá, na Sala Virginia Tamanini exceto uma, Ah Vitória, que Saudades!... de Milson Henriques, que, não sendo um monólogo, foi entretanto, em boa hora acrescentada à programação, trazendo ao público capixaba e apresentando aos visitantes, inúmeras personagens do cotidiano capixaba de outrora como o poeta Othinho, a catadora de papéis, Dona Domingas, que hoje tem uma estátua na escadaria que leva ao Palácio do Governo, e vários outros que fazem parte da memória do coletivo capixaba. A peça foi apresentada com muito sucesso e ótimas, e múltiplas interpretações de Suely Bispo e Thelma Lopes, por exemplo, com apresentação de Verônica Gomes, como a pintora Nice, e um afiado elenco do Teatro Du Beco com acertada coreografia de Guerrera.

CRASH, palavra inglesa que tem um duplo sentido – um acidente ou uma falência – foi o título escolhido por Marcelo Ferreira, autor e intérprete do monólogo, que contou com excelente apoio audiovisual, obra que apresentou grande crítica às crises globais e ao descaso do governo brasileiro às necessidades da população. Marcelo usou até mesmo do humor para acentuar certas situações tendo, por exemplo, um leitão (de barro, como os porquinhos que vemos, para se guardar moedas) em cena, enquanto comentava sobre a “ausência de Miriam Leitão na programação do dia”, devido a “uma labirintite, causada pela oscilação da moeda”. Já, em momento contundente, sua homenagem ao seu genial parceiro/colaborador e criador de grandes espetáculos, o sempre lembrado do público capixaba – o artista completo que foi Magno Godoy – e que veio a falecer em uma maca em corredor de hospital, enquanto aguardava vaga para uma cirurgia.

Muito comentada e aplaudida foi a presença da Espanha, no Festival, com La Despedida de Gardel, com texto e apresentação do veterano ator Jorge Bosso interpretando uma fantasia de ter o celebrado cantor Carlos Gardel escapado do acidente aéreo que o vitimou há 35 anos, e surgir, desfigurado, se apresentando a um público que o julgava morto. Jorge Bosso foi uma presença marcante e inspiração para validade do se exercitar a arte do monólogo.

Do Peru o Festival contou com a excelente interpretação de Martin Abrisqueta na peça Desaparecido, de autoria de Michel Algarh. A comovente história é a de um homem que está preso, porém não se lembra quem é, o que fez, ou por que está ali. Uma crítica também aos desaparecimentos e sequestros praticados pelos militares da ditadura militar.

Com um leque tão grande de opções e uma apurada seleção para tão importante mostra, o II FLAM merece o nosso aplauso pela oportunidade de celebrar com nossos “hermanos” os solilóquios que muitas vezes fazemos em silêncio sobre o mundo atual, a globalização e “crash” de nossa sociedade, e a situação que as mulheres e os homens de hoje enfrentam ao encarar os processos a que são submetidos pelo “outro” que, em geral, é “o poder”. 


Elenco de Ah, Vitória, que saudades!..., de Milson Henriques, aplaude a plateia pela grande receptividade no II FLAM, no Teatro do Sesc Glória, em 19 de novembro
 
Marcelo Ferreira, de óculos escuros, autor e ator de CRASH, rodeado por colegas e admiradores, no Sesc Gloria

Congraçamento com atores de Ah, Vitória, que saudades!... Verônica Gomes e Suely Bisto, entre outros, o ator Roberto Claudino e os diretores Walter Filho e Paulo DePaula


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Matéria publicada no portal da Sedu

Socializamos a seguir matéria publicada no portal da Secretaria de Educação do Espírito Santo e referente a visita de estudantes à sede do Teatro da Barra/ES.

Alunos da Escola Estadual Marcílio Dias visitam o Teatro da Barra

26/11/2015 - 11:25

Os alunos do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Marcílio Dias, localizada em Vila Velha, realizaram uma visita técnica ao “Teatro da Barra”, na Barra do Jucu. A atividade teve como objetivo integrá-los nas questões culturais e abrir horizonte referente aos acontecimentos culturais para que eles conheçam sua origem e a história de sua geração.

No local, os estudantes puderam conversar com o diretor teatral Paulo DePaula, que falou sobre a história do teatro no Espírito Santo e sobre toda sua trajetória junto com seu filho, o ator Bob de Paula, já falecido. Os alunos puderam ver a estrutura do lugar e os objetos utilizados nos cenários, durante apresentações teatrais de atores que por ali passaram e passam até hoje.

Paulo falou também sobre o curso de teatro em que é professor, para incentivar os alunos a ingressarem nesse universo de criação e atuação, onde eles possam ser um personagem, utilizando sua criatividade e imaginação.

De acordo com a professora de Língua Portuguesa Otília Noronha, os estudantes ficaram encantados com a visita. “Eles adoraram participar. A reação deles superou minhas expectativas. Achei que seriam resistentes, mas me surpreendi com tanta curiosidade que o lugar despertou nos estudantes”, afirmou.

Segundo ela, os alunos saíram dizendo que retornarão com a família. “Os alunos ficaram bastante interessados em fazer o curso de teatro promovido por Paulo. O curso é gratuito e ensina muitas dinâmicas legais, que contribuirão para o aprendizado escolar”, finalizou.
Alunos em visita experimentam adereços de peças existentes no acervo do Teatro da Barra/ES

Teatro da Barra
O Teatro da Barra/ES foi fundado em 1976 e, desde então, sua sede está localizada na Barra do Jucu, em Vila Velha, Espírito Santo. O grupo tem como característica típica inserir aspectos da história e da cultura do Espírito Santo às suas peças.

Há diferentes tipos de materiais para pesquisas, dentre os quais documentos, fotografias, jornais, livros, revistas, materiais de divulgação de espetáculos e DVDs.

Todos esses conteúdos estão estruturados e registrados no livro-catálogo Teatro da Barra/ES – Inventário Analítico, produzido por André Malverdes, Joanna Filgueiras e Paulo DePaula. Esse livro-catálogo está disponível no formato virtual do site http://pt.slideshare.net/teatrodabarraes/inventrio-analtico-do-teatro-da-barraes.

Paulo DePaula

Diretor e ator com Mestrado em Artes pela Truman State University, Paulo DePaula é aposentado como Diretor de Artes Cênicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É fundador, diretor e ator do Teatro da Barra/ES. É membro da Academia de Letras Humberto de Campos e autor de poesias, crônicas, contos, peças teatrais e livros didáticos (inglês-português).

Fonte: http://www.educacao.es.gov.br/default.asp